Países concorrentes na luta para sediar a Copa de 2006 chegam a considerar ridícula a proposta brasileira apresentada ontem

Das Agências Lance e Folha

Zurique (Suíça) — A ausência de Pelé, que é contra a realização do segundo mundial do próximo milênio no Brasil, foi muito mais comentada do que a presença de última hora de Ronaldinho (o da Inter da Milão) e a ajuda de Carlos Alberto Torres, o capitão do tri; de Dunga, capitão do tetra; e de Zico, que disputou três Copas do Mundo e hoje é um dos embaixadores do comitê de candidatura do Brasil à Copa de 2006.

  Sem o apoio de Pelé, um de seus maiores desafetos no esporte, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, fez ontem a apresentação oficial da candidatura do Brasil a país-sede do Mundial de 2006, na Federação Internacional de Futebol (Fifa), em Zurique, Suíça. Alemanha, África do Sul, Inglaterra e Marrocos concorrem com o Brasil e a escolha será feita em julho do próximo ano, em votação dos 24 membros do Comitê Executivo da Fifa.

  A candidatura brasileira vem sendo considerada zebra pelos próprios membros do comitê, principalmente por não contar com o apoio de Pelé — o brasileiro mais conhecido no mundo diz que o dinheiro gasto com a realização da Copa seria me-lhor empregado em projetos sociais. Esse é um dos motivos pelos quais a candidatura do Brasil não está sendo levada muito a sério pelos demais países. Para piorar, a CBF distribuiu um pequeno livro sobre a candidatura, que chegou a ser ridicularizado pela imprensa estrangeira. A Alemanha apresentou um projeto de 1.212 páginas, que pesa 6kg. Os sul-africanos mostraram um programa com 1.500 páginas. Os ingleses, de mil páginas.

  ‘‘Quero respeito à nossa candidatura porque ela é séria. É muito importante ter o apoio das pessoas e da imprensa, mas muito mais importante é o apoio dos membros do Comitê Executivo, que vão votar’’, disse Ricardo Teixeira.

  No entanto, questionado sobre a ausência do maior nome do esporte no país Teixeira contemporizou: ‘‘Esse é um momento em que todos os brasileiros devem estar unidos, e Pelé deve estar conosco’’.

  ‘‘Não precisamos de Pelé para conseguir a Copa do Mundo’’, resumiu Zico.

  Um fator, pelo menos, pesa a favor da candidatura brasileira: o tempo. Com a decisão da Fifa de adiar a escolha da sede do Mundial de 2006 de maio para julho do próximo ano, membros da entidade acreditam que o Brasil poderá resolver alguns problemas de infra-estrutura — segurança e transporte, principalmente — e reformar os principais estádios, itens fundamentais para receber a aprovação do comitê de inspeção. Uma delegação da Fifa começa a visitar os países candidatos ainda neste ano.

  Além do Brasil, a Alemanha apresentou sua candidatura ontem — Inglaterra, África do Sul e Marrocos fizeram o mesmo na segunda-feira. O lançamento oficial foi comandado por Franz Beckenbauer, ex-craque da Seleção Alemã campeão mundial em 1974 e presidente do comitê de candidatura alemão.

  ‘‘Todos têm chance de sediar o Mundial. O bom argumento da África do Sul é que a Copa do Mundo teria que ir para o continente africano pela primeira vez, mas provavelmente eles não estarão prontos para sediá-la em 2006’’, disse o Kaiser. ‘‘A corrida acabará em julho e nos próximos 11 meses teremos que convencer as pessoas de que a Alemanha é a melhor sede.’’

  Ronaldinho previu que estará em sua melhor forma na Copa de 2006, no Brasil. ‘‘Em 1970, eu nem imaginava que ia existir. Na de 1978, tinha só dois anos e não sabia o que era uma Copa do Mundo. Para mim, seria um sonho ver a de 2006 no Brasil. Quem sabe não estarei no melhor da minha carreira?’’





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