Brasil inicia nas alturas a caminhada pelo penta

BOGOTÁ - Terça-Feira 28/03 - A caminhada da Seleção Brasileira rumo ao pentacampeonato na Copa de 2002 começa nesta terça-feira, às 21 horas (23 horas de Brasília), quando a equipe do técnico Wanderley Luxemburgo tentará superar todos os problemas que teve até agora, contra a Colômbia, no Estádio El Campín. Além de ter pela frente um time que tentará vingar a goleada de 9 a 0 sofrida pela seleção sub-23, no último Pré-Olímpico, o Brasil terá como adversária a altitude de mais de 2.600 metros de Bogotá. Mesmo com apenas um dia de adaptação, Luxemburgo não parece preocupado com os prováveis efeitos colaterais, sentindos nas partidas acima do nível do mar. A TV Globo vai transmitir a partida.
“Não vamos enfrentar a altitude e sim a Colômbia. O Brasil tem que buscar a vitória em qualquer condição", afirmou o treinador. O que Luxemburgo ainda não digeriu foi o pouco de tempo de preparação para a estréia nas Eliminatórias. A Fifa reduziu, a pedido dos clubes europeus, o prazo de liberação dos jogadores de cinco para três dias. A medida, mesmo indiretamente, acabou motivando pelo menos dois dos cinco cortes que o treinador foi obrigado a fazer. O lateral-direito Cafu, da Roma, e o meia Rivaldo, do Barcelona, se machucaram na rodada de fim de semana dos Campeonatos Italiano e Espanhol, respectivamente, e não puderam se apresentar à Seleção. O zagueiro Roque Júnior, do Palmeiras, o lateral-esquerdo Athirson, do Flamengo, e o meia Juninho, do Vasco, também não tiveram muita sorte.
“Espero que para a próxima partida das Eliminatórias, a Fifa repense este prazo", disse Luxemburgo.
Contra os colombianos, o Brasil terá contra si uma torcida eufórica, de cerca de 46 mil pessoas no Estádio El Campín. Todos os ingressos colocados à venda foram comprados pelos torcedores, que segundo a imprensa do país, gostariam de ver em campo jogadores de prestígio internacional, como Rivaldo.
Sem Rivaldo, alguns dos jogadores brasileiros que estão vivos na memória dos colombianos são o meia Alex e o atacante Ronaldinho Gaúcho, que em fevereiro comandaram a goleada de 9 a 0 da Seleção Sub-23, no Pré-Olímpico. O resultado acabou eliminando a Colômbia, que dava como certa sua classificação para os Jogos de Sydney. Apesar do clima de rivalidade por causa daquela partida, Luxemburgo espera uma história completamente diferente.
“A equipe que nós vamos enfrentar agora não tem nada a ver com aquela da goleada. O que é certo é que eles não vão querer perder de jeito nenhum." E a confiança não é exclusividade apenas de Luxemburgo. Do lado colombiano, o técnico Luis Augusto Garcia vem falando em estrear nas Eliminatórias com o pé direito. Para isto, a maior esperança de gols é o atacante Ángel, uma das sensações da Taça Libertadores da América, pelo River Plate, da Argentina. No país, o jogador já virou mania e divide com o capitão Rincón a condição de ídolo maior da Sele ção.

COLÔMBIA: Córdoba; Bermudez, Ortegón e Yepes; Martinez, Rincón, Dinas, Oviedo e Viveros; Ricard e Ángel.
Técnico: Luis Augusto Garcia
BRASIL: Dida; Evanílson, Antônio Carlos, Aldair e Roberto Carlos; Emerson, Vampeta, Alex e Zé Roberto; Ronaldinho Gaúcho e Élber.
Técnico: Wanderley Luxemburgo
ARBITRAGEM: Gustavo Méndez (Uruguai), auxiliado por William Martínez e Saúl Feldman (Uruguai)
LOCAL: Estádio El Campín, em Bogotá
HORÁRIO: 21 horas (23 horas, de Brasília)
TRANSMISSÃO: TV Globo

Calendário irrita jogadores

BOGOTÁ - A Seleção Brasileira chegou ontem à tarde à Colômbia reclamando do pouco tempo de preparação para o jogo de hoje. “Não dá tempo nem para pensar. Tem que entrar e jogar", disse o zagueiro Antônio Carlos. A reação dele encontra eco na comissão técnica, mais irritada com a situação. “Não vai ser, porque eu não tenho tempo para nada", afirmou o preparador físico Antônio Mello, quando questionado sobre como seria o seu trabalho para a partida.
Embora também tenha se queixado, Wanderley Luxemburgo procurou ser diplomático ao analisar as restrições da Fifa. “Não tenho como trabalhar o atleta e fazê-lo evoluir. Cinco dias não seriam o ideal, mas já seriam bem melhor. Isso não é uma crítica à CBF ou à Fifa, mas todo mundo vai ter que ajustar o calendário", disse o técnico.
Os problemas na preparação fizeram com que a Seleção suspendesse a política de “concentração aberta" implantada na gestão de Luxemburgo. A idéia do treinador é integrar os jogadores aos ambientes em que a seleção fica concentrada, permitindo que eles circulem sem restrições entre os hóspedes.
Segundo a CBF, porém, desta vez não haveria “tempo hábil" para a concentração aberta, pois os jogadores estariam muito desgastados com a viagem e precisariam de descanso e privacidade no curto período que passarão em Bogotá - a Seleção volta para o Brasil logo após o jogo de hoje.
Para isso, a CBF solicitou o isolamento de dois andares e parte de um terceiro do hotel Tequendama Intercontinental, um dos mais caros de Bogotá (uma diária simples custa US$ 130). Mas, apesar de tal decisão, a delegação brasileira não terá como se livrar da companhia de cães farejadores e policiais do exército, que integram o efetivo de segurança do hotel. Nas 24 horas do dia, cachorros das raças rotweiller e pastor alemão circulam no lobby ao lado de policiais armados. A entrada principal é vigiada por guardas com fuzis.
A segurança no local foi reforçada desde a semana passada, quando o general Henry Shelton, do Estado-Maior dos EUA, esteve em Bogotá para discutir com o governo local o acordo pelo qual os norte-americanos liberaram US$ 1,6 bilhão à Colômbia para combater o narcotráfico, e ficou hospedado no local. O reforço foi mantido para a chegada da Seleção.

Reação à altitude escala time

BOGOTÁ - Antes do embarque para Colômbia, ontem de manhã, o preparador físico Antônio Mello revelou que a Comissão Técnica da Seleção Brasileira vai esperar a reação dos jogadores na altitude para confirmar a escalação do time. A partida vai ser realizada em Bogotá, localizada 2600 metros acima do nível do mar. “O Wanderley vai ter um critério rigoroso ao analisar se os jogadores se adaptaram à altitude", afirmou.
Por isso, o técnico Wanderley Luxemburgo não quis divulgar a escalação da seleção. Se não houver problemas por causa da altitude, o treinador só tem uma dúvida para definir a equipe.
Ele ainda não decidiu quem vai substituir Rivaldo, cortado por contusão. Um dos jogadores cotados, o atacante Edílson, do Corinthians, reconheceu que terá uma tarefa complicada caso seja escolhido por Luxemburgo. “Substituir o melhor do mundo é sempre difícil", afirmou.
Além de Edílson, o outro candidato a vaga é Alex. “O Brasil tem grandes jogadores e qualquer um tem condições de entrar", disse o meia palmeirense.
O médico da Seleção Brasileira, José Luís Runco, afirmou que o goleiro Dida está sentindo dores musculares, mas poderá atuar normalmente. Segundo ele, todos os jogadores que viajaram para a Colômbia têm condições de jogar, descartando a possibilidade de novos cortes.

ALDAIR CAPITÃO
Ontem, Luxemburgo informou que Aldair, da Roma, vai ser o capitão do Brasil no primeiro jogo das Eliminatórias, substituindo Cafu, que foi cortado por causa de uma contusão no tornozelo. O zagueiro foi escolhido por ser o mais experiente do grupo atual, tendo participado das Copas do Mundo dos Estados Unidos e da França.
O lateral-esquerdo Roberto Carlos acredita que o time brasileiro vai enfrentar um clima de revanche na Colômbia, por causa da goleada de 9 a 0 do Brasil sobre a seleção colombiana no Pré-Olímpico, disputado em janeiro. “Há um pensamento de vingança porque fica feio perder por um placar assim", comentou. “Agora, eles vão querer recuperar."

García adota 'futebol total'

BOGOTÁ - Tida como técnica e habilidosa, mas extremamente displicente e irresponsável taticamente, a Colômbia pretende mudar essa imagem adotando o “futebol total". O técnico Luis Alfredo García, no comando do time desde 2 de fevereiro, prega um esquema onde todos defendam e ataquem. “Não vamos jogar com cinco defensores. Vamos jogar com 11 defensores e 11 atacantes. Quero que a minha equipe tenha qualidade ofensiva e defensiva", disse, ao ser questionado se iria atuar com cinco jogadores recuados.
García assumiu o cargo após a goleada de 9 a 0 que a Colômbia, então treinada por Javier Alvarez, sofreu para o Brasil no Pré-Olímpico, no Paraná. Na ocasião, os colombianos poderiam perder até por seis gols de diferença.
O novo técnico, que disse encarar o empate amanhã como um bom resultado, e os jogadores negam que aquele revés esteja suscitando um sentimento de vingança. “É outro jogo e outro time. Não queremos vingança, só concentração para jogar de igual para igual", disse Viveros, do Cruzeiro, o único do atual grupo que esteve no Paraná.
O volante Rincón garantiu, ao “diário El Espectador", de Bogotá, que está ainda mais motivado para o jogo de hoje, depois que o técnico Luis Garcia o escolheu como o capitão da seleção Colombiana. Rincón é o único remanescente da seleção colombiana que disputou a Copa na Itália, em 1990. O volante também disputou os Mundiais de 1994, nos Estados Unidos, e da França, há dois anos.
O técnico Luis Garcia quer aproveitar também o respeito que os jogadores brasileiros têm por Freddy Rincón. Quatro deles atuaram com ele no Corinthians e se sagraram campeões do I Mundial de Clubes, em janeiro, no Brasil: o goleiro Dida, o volante Vampeta, o meio-campo Ricardinho e o atacante Edílson.

Courtesia Belo Horizonte


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